MPRJ denuncia suposto esquema de corrupção em licitações da Expo Cordeiro

A Justiça do Rio de Janeiro suspendeu a participação de quatro empresas em licitações da Prefeitura de Cordeiro, após suspeitas de fraude e conluio em contratos para a exploração de parque de diversões durante a Exposição Agropecuária do município, entre os anos de 2022 e 2024.


Serra News

A decisão liminar foi proferida no dia 7 de maio pelo juiz José Roberto Pivanti, da Vara Única de Cordeiro, a pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). O órgão identificou um possível esquema de favorecimento, simulação de concorrência e revezamento de empresas com vínculos entre si, supostamente com a anuência do prefeito Leonan Lopes Melhorance, que também figura como réu na ação por improbidade administrativa.

Foto: Expo Cordeiro 2024 / Serra News

A medida atinge diretamente o Pregão nº 012/2025, atualmente em andamento, que trata da concessão de espaço público para parque de diversões na 81ª Exposição Agropecuária de Cordeiro, prevista para julho deste ano. O MPRJ aponta forte indícios de corrupção nos trâmites para o evento.

Investigação aponta conluio e fraude

Segundo o Ministério Público, as investigações apontam a existência de fraudes e conluios entre participantes das licitações, que apresentavam propostas aparentemente independentes, mas mantinham vínculos societários e operacionais entre si. O objetivo seria simular concorrência para legitimar contratações previamente direcionadas.

Em um dos certames de 2024, a empresa inicialmente classificada não possuía capacidade técnica compatível com o serviço licitado. Convocada para apresentar documentação, não cumpriu as exigências e abandonou o processo, abrindo caminho para a contratação da segunda colocada — já beneficiada em edições anteriores e ligada a outras participantes.

O MP também destacou que os mesmos indivíduos se revezaram em diferentes funções — como sócios, procuradores ou representantes legais — ao longo dos anos de 2022 a 2024, o que evidenciaria um esquema coordenado de favorecimento, com possível anuência do gestor público municipal.

Diante dos indícios, o Ministério Público concluiu que houve fraude à competitividade, com violação dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e isonomia, pilares da administração pública.

Decisão judicial confirma nulidade e bloqueia participação
A contratação realizada em 2024, por meio da Dispensa de Licitação nº 35/2024, já havia sido anulada por decisão judicial anterior, mas a Justiça entendeu que o dano à moralidade administrativa estava configurado, justificando a propositura da ação de improbidade.

Na nova decisão, o juiz afirmou que os indícios de fraude são “fortes e consistentes” e determinou a inabilitação das quatro empresas investigadas em qualquer licitação do município relacionada a parque de diversões, incluindo o edital em curso para a Exposição Agropecuária deste ano. Em caso de descumprimento, a Prefeitura poderá ser multada em R$ 100 mil por ato irregular.

Prefeito é citado como responsável

O prefeito de Cordeiro, Leonan Lopes Melhorance, é apontado como responsável por ratificar e autorizar contratações com empresas interligadas, ignorando alertas sobre ausência de capacidade técnica e vínculos societários irregulares. Para o MP, houve anuência consciente às irregularidades, o que motivou sua inclusão como réu na ação civil pública.

A reportagem contatou a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Cordeiro e manteve espaço aberto para manifestação do prefeito. Até o momento, não houve resposta. As informações são baseadas na decisão judicial nº 0800708-81.2025.8.19.0019.

Vereador afastado do cargo

Em outro processo, o vereador Matheus Mattos permanece afastado do cargo por determinação judicial, em razão de um outro suposto esquema de favorecimento em licitações relacionadas à Expo Cordeiro. No último dia 8 de maio, o MPRJ protocolou, junto à Vara Única de Cordeiro, um pedido de prorrogação do afastamento cautelar do parlamentar por mais 90 dias. 

Matheus Mattos está fora de suas funções desde 19 de fevereiro, quando foi notificado judicialmente após solicitação do MPRJ. O prazo inicial do afastamento, de 90 dias, expira no próximo 20 de maio. Além do vereador, são réus na ação por improbidade administrativa o prefeito Leonan Lopes Melhorance e dois comerciantes, incluindo o pai do parlamentar afastado.

Matheus Mattos, proprietário de um depósito de bebidas no bairro Senna Campos, em Cordeiro, é acusado nos autos processuais de, supostamente, utilizar um “laranja” para vencer processos licitatórios e comercializar seus produtos na Expo Cordeiro. O acusado seria proprietário de um estabelecimento concorrente à empresa do vereador afastado.

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