Bolsonaro diz à PF que norte-americanos não aplicariam sanções por “lobby”

Ex-presidente prestou depoimento nesta quinta-feira (5) e é suspeito de financiar “campanha” do filho nos EUA contra autoridades brasileiras


Maria Clara Matos e Teo Cury | CNN, São Paulo e Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (5) que sanções não seriam aplicadas pelo governo norte-americano através de "lobby de terceiros".

Ex-presidente Bolsonaro concede entrevista coletiva após prestar depoimento à Polícia Federal em Brasília • 05/06/2025REUTERS/Adriano Machado

A fala surgiu no fim, quando ele questionado se gostaria de acrescentar informações que considerava relevantes à investigação contra seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se encontra hoje nos Estados Unidos.

A conduta de Eduardo nos Estados Unidos, onde mora desde abril deste ano, é investigada. A suspeita é de que uma campanha feita por ele no país contra autoridades brasileiras estaria acontecendo.

Bolsonaro, por sua vez, é suspeito de financiar a campanha por meio de doações que recebeu de apoiadores. O ex-chefe do Executivo disse ter enviado R$ 2 milhões ao filho dos R$ 17 milhões que arrecadou em 2023.

À PF, o ex-presidente também disse não saber com quais pessoas Eduardo se encontra nos EUA, e que as ações do filho no país são realizadas por conta própria, sem seu auxílio.

Lei Magnitsky

Ao ser questionado sobre como ocorreram as ações com o deputado licenciado do PL ou terceiros em relação à aplicação da Lei Magnitsky contra autoridades brasileiras, Bolsonaro acrescentou conhecer a legislação norte-americana apenas “superficialmente”.

Promulgada em 2016 nos Estados Unidos, a Lei Magnitsky autoriza o presidente dos Estados Unidos a impor sanções econômicas a estrangeiros à corrupção ou à violação dos direitos humanos, além da possibilidade de negar a entrada dos estrangeiros acusados no país.

Em entrevista à CNN este ano, Eduardo chegou a afirmar que esperava que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, fosse sancionado pelo governo norte-americano.

O parlamentar mencionou uma "pena de morte financeira", sem a possibilidade de que o sancionado consiga realizar uma transação internacional ou abrir uma conta, por exemplo, de acordo com seu entendimento dos parâmetros norte-americanos.

"Só para que vocês entendam, o motivo da sanção é a violação da Lei Magnitsky. A Lei Magnitsky é a lei que fala dos direitos humanos e prevê os mecanismos de resposta aos violadores", disse Eduardo, adicionado que as sanções são postas pelo Tesouro do país.

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