Itaguaí teme repeteco de Itatiaia, que por teimosia de prefeito inelegível teve três governos interinos e muita confusão

Em 2020, mesmo sabendo que não poderia disputar um terceiro mandato, o então prefeito de Itatiaia, Eduardo Guedes, o Dudu, insistiu em concorrer e acabou mergulhando esse município do Sul Fluminense em um período de insegurança jurídica com gestões provisórias e escândalos, além das prisões de pelo menos um prefeito interino, vereadores e secretários. Guedes disputou sub judice, foi o mais votado, mas não sentou na cadeira, o que não o distanciou do poder, pois os governantes interinos pertenciam ao grupo dele.

Elizeu Pires

Agora coisa semelhante começa se descortinar em Itaguaí, na Baixada Fluminense, onde o prefeito Rubem Vieira de Souza, o Dr. Rubão (Podemos), está nas ruas por um terceiro mandato consecutivo. A impugnação de Dudu em Itatiaia se deu porque ele era presidente da Câmara de Vereadores e em agosto de 2016 com a cassação do prefeito Luis Carlos Ypê, assumiu a Prefeitura, onde se manteve por ter sido eleito na eleição de outubro daquele ano.

Dudu insistiu com candidatura que sabia não prevalecer e prejudicou o município. Rubão está hoje na mesma situação do ex-prefeito de Itatiaia, mas tenta um terceiro mandato em Itaguaí – Fotos: Reprodução

Insegurança jurídica 

Rubão também era presidente da Câmara e, em julho de 2020, se tornou prefeito por conta da cassação do prefeito Carlo Busatto Junior, o Charlinho (MDB). Naquele, em novembro, foi eleito para o cargo, mas acha que pode ser reeleito para mais um mandato. “Se Dudu não pode, por que Rubão poderia?”, indagam operadores do Direito.

O que está sendo falado hoje nos ambientes políticos de Itaguaí é que Rubão sabe muito bem de sua situação jurídica, assim como se imagina com grandes chances de ser o mais votado, o que poderia até não lhe manter na cadeira de prefeito a partir de janeiro de 2025, mas lhe daria a oportunidade de colocar em seu lugar um aliado, mesmo que interinamente, até que se realizasse uma eleição suplementar, da qual seu escolhido participaria com a vantagem de já estar no cargo.

Para isso acontecer bastaria que Rubão – se impugnado em processo transitado em julgado – conseguisse eleger um presidente da Câmara de sua confiança. O fato é que, para alguns observadores mais atentos, a insistência de o atual prefeito em disputar as eleições teria deixado de ser uma simples forçada de barra e se convertido em estratégia para ficar indiretamente no poder, o que até poderia ser bom para e os seus aliados, submergiria o município no mar da insegurança.

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