Além de Washington Reis, operação da PF por suspeita de compra de votos mira vereadora filha de Beira-Mar

Traficante é o pai de Fernanda Costa, que é parlamentar em Duque de Caxias; corporação cumpre 22 mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira


Por Luísa Marzullo | Extra

Além do secretário estadual de Transportes do Rio, Washington Reis (MDB), a operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta sexta-feira também mira a vereadora de Duque de Caxias e filha do traficante Fernandinho Beira-Mar, Fernanda Costa. São 22 os mandados de busca e apreensão que são cumpridos no município da Baixada Fluminense. A investigação aponta que Washington Reis, Fernanda Costa, e o prefeito Wilson Reis teriam feito parte de um esquema de compra de votos e lavagem de dinheiro.

Fernanda Costa ao lado de Washington Reis — Foto: Reprodução

Fernanda Costa é integrante do MDB e fez campanha ao lado dos irmãos Reis. Ela foi a décima vereadora mais votada de Caxias nas eleições deste ano, com 7,3 mil votos.

Atualmente, ela responde a uma condenação em liberdade por organização criminosa. Segundo o Ministério Público Federal, Fernanda ajudava a transmitir recados do pai em cartas.

"Os recados eram feitos com linguagem codificada para estabelecer comunicação com os integrantes do grupo criminoso e dificultar ações policiais e dificultar sua identificação", diz a denúncia do MPF, que serviu de base para condenação, apesar da vereadora sempre ter negado as acusações.

Seu pai, Fernandinho Beira-Mar, pertence ao Comando Vermelho e está preso na Penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná. Ele foi condenado a mais de 300 anos de prisão por tráfico de drogas, homicídios, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O pontapé inicial da investigação cuja operação ocorre hoje se deu em outubro deste ano, durante o período eleitoral. Na ocasião, um homem foi preso em flagrante em Duque de Caxias com quase R$ 2 milhões em espécie.

O EXTRA procurou Fernanda Costa, mas não obteve retorno até esta publicação. O espaço segue em aberto para eventual manifestação. Em entrevista, Washington Reis disse estar tranquilo com a investigação que, segundo ele, não tem 'nexo'.

— Para mim essa operação não tem nexo. Fizeram um mandado, não sei para buscar o que. É um assunto totalmente desconexo. Adversários fizeram notícias. Nossa campanha foi feita dentro da lei, contas aprovadas, nada a temer — afirmou Washington Reis ao EXTRA.

Fraudes em cartões de vacina

Os irmãos Reis já haviam sido alvo de uma operação da PF em julho deste ano, quando a PF apurava a existência de uma associação criminosa responsável por inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), ambos do Ministério da Saúde.

Washington foi apontado como um dos beneficiários do suposto esquema. O nome dele consta no relatório da PF que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro; o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do secretário; e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, em março.

O secretário estadual de Transportes do Rio era prefeito de Duque Caxias, município da Baixada Fluminense, que serviu como base para a inserção de dados falsos nas cadernetas de vacinação de Bolsonaro, Cid e da família Reis.


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