Com quem Bolsonaro trocava mensagens no celular apreendido pela PF? Veja os nomes

Deputados federais, ex-ministros e ex-assessores estão entre os interlocutores do ex-presidente


Por Karina Ferreira | O Estado de S.Paulo

Conversas privadas obtidas do telefone celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apreendido pela Polícia Federal (PF) em maio de 2023 e publicadas pelo Estadão, mostram que mesmo sem cargo eletivo, Bolsonaro tentou se manter ativo após perder as eleições de 2022 e em constante articulação com aliados.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) durante audiência sobre a ação penal por tentativa de golpe de Estado, em junho, no STF. Foto: Wilton Junior/Estadão

Entre seus interlocutores, estavam o ex-secretário de Comunicação Social Fábio Wajngarten e o ex-assessor Tércio Arnaud Tomaz, apontado como um dos integrantes do chamado “gabinete do ódio”, a quem Bolsonaro consultava para checar a veracidade de informações antes de publicá-las nas redes.

Wajngarten continuou como assessor de imprensa de Bolsonaro, até ser formalmente demitido pelo PL em maio deste ano. O motivo foi a divulgação de troca de mensagens entre ele e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, fazendo piada com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Outros integrantes do governo do ex-presidente, como os ex-ministros Gilson Machado, do Turismo, e Adolfo Sachsida, de Minas e Energia, também estavam entre os correspondentes de Bolsonaro. No caso de Machado, o ex-ministro queria apoio como candidato à prefeitura de Recife. Sachsida falou com Bolsonaro para combinar um encontro na fazenda de um empresário do agronegócio em Ribeirão Preto.

Bolsonaro também mantinha conversas com o ex-ministro general Walter Braga Netto, vice na chapa em 2022, debatendo como permanecer com o apoio do agro mesmo após o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que também é ex-ministro do governo Bolsonaro, foi procurado pelo ex-chefe, que o alertou sobre críticas de deputados da Assembleia Legislativa do Estado (Alesp). Em resposta, Tarcísio disse que não ia ceder às pressões políticas. Os dois mantiveram outras conversas nos dias seguintes.

Outros políticos com quem Bolsonaro mantinha diálogos eram o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de quem chegou a ficar proibido de conversar no ano seguinte, no âmbito de inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF); o filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e o deputado Hélio Lopes (PL-RJ), outro aliado de primeira ordem do ex-presidente.

As conversas publicadas incluem, ainda, uma mensagem enviada por Bolsonaro para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por meio do ex-embaixador israelense no Brasil Yossi Shelley. O então embaixador chegou a oferecer para bancar viagem de 14 dias de Bolsonaro a Israel, com tudo pago, para ele e outras três pessoas que o ex-presidente escolhesse para acompanhá-lo.

Foram extraídos 7.268 arquivos do celular de Bolsonaro, no âmbito das investigação sobre suspeita de fraudes em certificados de vacinas.

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