Eduardo Bolsonaro aluga jipe de ex-assessor depois de ir para os EUA (VIDEO)

Eduardo Bolsonaro alugou jipe para fevereiro e março, quando já estava nos EUA. Carro foi alugado por firma de ex-assessor


Andre Shalders | Metrópoles

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) alugou um carro com recursos da Câmara dos Deputados enquanto estava nos Estados Unidos. O veículo — um Jeep Commander — foi contratado durante os meses de fevereiro e março, por R$ 8 mil mensais. Mas, desde 10 de fevereiro, Eduardo já se encontrava fora do país.

Reprodução/Redes sociais

O automóvel foi alugado na empresa de um ex-assessor do deputado, Joel Novaes da Fonseca. A firma chama-se Novacar Locadora de Veículos Ltda.

A empresa não tem site nem perfis em redes sociais, e também não funciona no endereço indicado na nota fiscal. O local informado, em um edifício corporativo na W3 Norte, em Brasília, abriga um coworking (um tipo de escritório compartilhado).

Na manhã desta quarta-feira, a coluna esteve no local. Foi informada de que não há nenhum representante da Novacar nas instalações, e que a firma utiliza o coworking apenas como endereço fiscal.

Após a chegada de Jair Bolsonaro (PL), pai de Eduardo, à Presidência da República, a Novacar passou a ser procurada por deputados do PL que precisavam de veículos alugados.

A empresa já havia sido tema de reportagem do Metrópoles em 2022. Na época, estava registrada em nome de dois militares da reserva: Ricardo Roberto Boeira e Antonio Luiz Veneu Jordão.

Além de ter trabalhado com Eduardo Bolsonaro, Joel Novaes da Fonseca também foi assessor de Jair Bolsonaro na Câmara e, depois, assessor especial da Presidência.

Enquanto Joel atuava no Planalto, a família dele já operava no ramo de aluguel de veículos para parlamentares. A empresa da época estava registrada em nome da esposa dele, Ghislaine Maria de Oliveira Barros, e da filha, Leticia Barros Novaes da Fonseca. Chamava-se Locar1000 e também era popular entre congressistas da base do governo Bolsonaro.

Além do aluguel do carro, o mandato de Eduardo Bolsonaro continuou obtendo reembolsos da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) por despesas com combustíveis e pedágios rodoviários, mesmo após a viagem aos EUA.

Pelas regras da CEAP — conhecida como “Cotão” — os assessores podem realizar esse tipo de despesa, desde que relacionada a atividades parlamentares.

A nota de março é a de número 58, emitida em 5 de março. já a de fevereiro é a número 34, emitida no dia 4 daquele mês.

Em ambas as notas, parte do valor foi glosado — ou seja, teve o reembolso recusado — pela Câmara. Nos dois casos, a Casa deixou de pagar R$ 2.666,66, o equivalente a um terço dos R$ 8 mil solicitados.

O aluguel do Jeep Commander com a Novacar foi revelado pelo jornalista Hugo Souza em seu blog, e confirmado pelo Metrópoles.

A coluna procurou Eduardo Bolsonaro para comentar o caso, tanto diretamente quanto por meio da assessoria de imprensa. Não houve resposta até o momento. O espaço permanece aberto.
Eduardo Bolsonaro virou “embaixador informal” do bolsonarismo

Durante o governo Jair Bolsonaro, o nome de Eduardo chegou a ser cogitado para assumir a embaixada brasileira em Washington. O então presidente chegou a anunciar a escolha publicamente, e Eduardo aceitou. Mais tarde, o governo recuou da indicação.

Sob a gestão Lula, Eduardo intensificou sua atuação nos EUA. Entre os filhos do ex-presidente, é o mais conhecido no exterior e quem lidera a articulação do bolsonarismo com movimentos da direita internacional.

Foi dele a ideia de trazer ao Brasil a CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora), evento ligado ao trumpismo.

No dia 20 de março, o deputado anunciou que passaria a viver permanentemente nos Estados Unidos. À época, afirmou que foi “a decisão mais difícil” de sua vida e que permaneceria no país para lutar pela anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Com o anúncio de Donald Trump de que pretende impor tarifas de 50% sobre importações do Brasil, caso volte à presidência dos EUA, Eduardo evitou críticas e manteve o tom alinhado ao republicano. Em entrevistas e nas redes sociais, minimizou o impacto da medida e tentou deslocar o foco da questão econômica para a afinidade ideológica entre os dois grupos.


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