Deputado federal licenciado afirma que não tem condições de voltar ao Brasil enquanto ministro for responsável pelo julgamento dele e que objetivo é tirar magistrado do STF
Por Lara Perpétuo | Correio Braziliense
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) usou o próprio canal do YouTube para comentar, em transmissão ao vivo veiculada neste domingo (20/7), assuntos relacionados à situação política do Brasil, a que chama de “várzea de país”. Os comentários, que incluem ameaças a Alexandre de Moraes, vem depois de despacho de sábado (19/7) em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) afirma que o parlamentar, investigado, “intensificou condutas ilícitas” após a aplicação de medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
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"O nosso objetivo será te tirar da corte", diz Eduardo Bolsonaro a Moraes em live - (crédito: Reprodução/YouTube) |
Entre outros assuntos, Eduardo afirma que a conduta que tem nas redes sociais, questionada pelo magistrado, não é “antidemocrática” e critica o fato de alguém que teria se dito ofendido com publicações ser o responsável por julgar ele e o pai.
Nas plataformas digitais, o deputado zombou do cancelamento do visto americano do ministro do STF e o chamou de “gângster de toga”; e, em entrevista à CNN, citou vingança contra a corte. Embora a licença da Câmara dos Deputados da qual usufrui termine neste domingo (20/7), o parlamentar, que segue nos Estados Unidos, diz que a reclamação é “totalmente ilegal” devido à imunidade do cargo. Ele afirma que, por conta disso, não teria condições de voltar ao Brasil e se considera “exilado”.
“O ideal seria ele (Moraes) fora do STF”, declara. “Trabalharei para isto também, tá, Moraes? Então quando a gente fala que o visto foi só o começo, é porque o nosso objetivo será te tirar da corte. Você não é digno de estar no topo do poder judiciário e eu estou disposto a me sacrificar para levar essa ação adiante. Não gostou? Coloca o Trump junto aí na investigação. Coloca todo a nossa quadrilha aqui do Marco Rubio (secretário de Estado dos EUA).”
Ele ameaça o magistrado ao falar que ele não vai fazer isso por já ter tomado “sabão da Interpol” e dos Estados Unidos, e demonstra fé na impunidade ao brincar com a situação. “Aproveita e coloca isso no inquérito”, ironiza. “Cachorrinho da Polícia Federal que está me assistindo, não deixa eu saber não, hein, irmão. Se eu ficar sabendo quem é você, eu vou me mexer aqui.”
Eduardo diz que considera “honra” ser perseguido pelos poderes brasileiros. “Vocês não sabem como é que as pessoas me tratam na rua e me honram e dignificam meu trabalho. Isso é que é satisfação.” Apesar disso, afirma que o que busca “não é notoriedade nem holofote” e reitera que “a guerra não acabou”.
Ele diz que o que ele chama de adversários “só se deram conta das coisas quando já estava tudo encaminhado” — inclusive os vistos americanos desses opositores cancelados por meio de negociação feita por ele.
Reforça, também, que o recado de “vingança” passado em manifestações anteriores foi “para Alexandre de Moraes” e chama o ministro do STF de “psicopata”. “Eu queria ter a certeza de que ele soubesse que a gente não vai recuar”, afirma. “Quando eu falo a gente é porque eu não trabalho sozinho, tá?”
O deputado reitera que não se importa com o fato de as críticas poderem abalar a popularidade dele, que pode “se apresentar para os cargos de senador, talvez até presidente”.
Ele afirma que não está nos EUA a fim de negociar apenas pelo ex-presidente, mas para lutar “por justiça” em nome de “centenas de pessoas presas sem nenhum merecimento”, referindo-se aos condenados por atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Segundo Eduardo, a anistia que procura não é somente para o pai: “Se fosse feito um acordo para livrar a cara do Bolsonaro, eu não ia aceitar, o Jair Bolsonaro não ia aceitar”, reitera. “A anistia não é para Bolsonaro. A anistia engloba Bolsonaro porque ele é uma das vítimas perseguidas por esse sistema.”
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