ViolĂȘncia fecha lojas e assusta comerciantes em Vicente de Carvalho

Comerciantes denunciam extorsÔes de criminosos, assaltos constantes e fechamento de estabelecimentos na Zona Norte do Rio.


Por Francini Augusto e Filipe Brasil | Bom Dia Rio

A crescente onda de violĂȘncia em Vicente de Carvalho, na Zona Norte do Rio, tem mudado a rotina de quem trabalha e vive na regiĂŁo. Comerciantes relatam prejuĂ­zos com a queda no movimento, extorsĂ”es de criminosos e atĂ© o fechamento definitivo de estabelecimentos.

ViolĂȘncia fecha lojas em Vicente de Carvalho — Foto: Reprodução/TV Globo

A sensação de insegurança se espalha também por bairros vizinhos, como Vila Kosmos, Vaz Lobo, Tomås Coelho e Irajå.

“A gente começou a perceber uma redução no nĂșmero de clientes. Muitos diziam que moravam perto, mas nĂŁo iriam atĂ© a loja por medo da criminalidade”, contou um funcionĂĄrio de uma loja da regiĂŁo.

Dados do Instituto de Segurança PĂșblica do Rio (ISP-RJ) mostram um crescimento nos indicadores de criminalidade.

A ĂĄrea da 27ÂȘ DP (Vicente de Carvalho), que abrange seis bairros — Vicente de Carvalho, IrajĂĄ, ColĂ©gio, Vista Alegre, Vila da Penha e Vila Kosmos —, registrou aumento de 16% nos roubos de janeiro a maio deste ano. Foram 1.474 casos registrados no perĂ­odo, contra 1.271 no mesmo intervalo de 2024.

O impacto da violĂȘncia tambĂ©m pode ser medido no nĂșmero de estabelecimentos fechados apĂłs os crimes. Em 2024, entre janeiro e maio, foram 9 casos. JĂĄ em 2025, o nĂșmero mais que dobrou: foram 20 registros, um aumento de 122%.

Além da perda de clientela, os relatos apontam para o avanço do tråfico na årea. Comerciantes denunciam que traficantes estariam cobrando taxas para permitir o funcionamento das lojas.

"Inclusive estĂŁo proibindo o comĂ©rcio de funcionar. EstĂŁo extorquindo e pedindo dinheiro”, disse um lojista.

Em algumas ruas internas de Vicente de Carvalho, moradores tentam se proteger instalando cancelas e cùmeras. Jå na principal via do bairro, a Avenida Vicente de Carvalho, onde ficam estaçÔes de BRT, metrÎ e um shopping, o reforço policial é visível, com presença de viaturas e até blindados.

Mesmo assim, o medo persiste. Moradores relatam que os tiroteios são frequentes e acontecem a qualquer hora do dia. Em um dos casos, uma moradora contou que os disparos atingiram o prédio onde vive, horas antes de conversar com a equipe de reportagem.

O medo e a insegurança também impactam a economia local. Uma pizzaria tradicional, que funcionava havia mais de 20 anos na avenida principal, encerrou as atividades.

“Era ponto de encontro da comunidade, festinha de criança. Fechou. Fico triste. Desemprego. Cerca de 60 funcionĂĄrios foram dispensados, poucos realocados. A maioria ficou sem trabalho”, lamentou uma ambulante.

Casos como esse tĂȘm se repetido. Uma loja foi montada com grande investimento, mas apĂłs um assalto no imĂłvel ao lado, o dono desistiu de inaugurar. As portas seguem fechadas hĂĄ mais de 1 ano.

“NĂŁo dĂĄ pra viver num lugar onde se tem medo constante. A maioria dos nossos gerentes jĂĄ foi assaltada saindo da loja”, disse outro comerciante.

O que diz a polĂ­cia

A PolĂ­cia Civil reforça a importĂąncia de que os comerciantes façam os registros das ocorrĂȘncias, para que seja possĂ­vel mapear as ĂĄreas mais crĂ­ticas e ampliar as investigaçÔes.

A 27ÂȘ DP afirma que estĂĄ empenhada em identificar os criminosos e os grupos que atuam na regiĂŁo cobrando dinheiro de lojistas.

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