PF diz que Eduardo admitiu que intenção não era anistiar todos mas salvar seu pai

Deputado disse a Bolsonaro que se ‘anistia light’ passar, EUA ‘não vão mais ajudar’


Por Carolina Brígido | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA — Segundo a Polícia Federal, em uma mensagem de Eduardo Bolsonaro ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado admitiu que as investidas dele nos Estados Unidos visavam salvar o ex-presidente e não anistiar todos os condenados pelo 8 de janeiro de 2023.

Investigação sobre tentativa de Jair Bolsonaro de escapar de punição obteve acesso a diálogos do ex-presidente com o filho Eduardo, que está nos EUA | Foto: Wilton Junior/Estadão

O material foi obtido do celular de Jair Bolsonaro e instrui o inquérito que investiga no Supremo Tribunal Federal (STF) a tentativa dele de escapar do julgamento sobre a trama golpista e de eventual punição.

“Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar. Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto. Neste cenário vc: não teria mais amparo dos EUA, o que conseguimos a duras penas aqui, bem como estaria igualmente condenado final de agosto.”

A PF interpretou a mensagem de 7 de julho desta forma: “A real intenção dos investigados não seria uma anistia para os condenados pelos atos golpistas realizados no dia 08 de janeiro de 2022, mas sim, interesses pessoais, no sentido de obter uma condição de impunidade de Jair Bolsonaro”.

“Eu acho que não vale a pena, mas te oriento a buscar conselho com outras pessoas. Tire do cálculo o apoio dos EUA, qual estratégia vc tem para atingir qual objetivo? É simples”. Em seguida, concluiu: dizendo que iria “acordar de olho nas redes do Trump, torcendo para (...) que ele já traga novidades sobre ações”.

O inquérito sobre a tentativa de escapar do julgamento ensejou a imposição de medidas cautelares ao ex-presidente. Após o descumprimento delas, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, que não deve ser revogada antes do julgamento da ação sobre a trama golpista, que começa no dia 2.

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